Posso não concordar com nenhuma das tuas palavras, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-las. (Voltaire)

Isn't personal. Just Business.

sábado, 5 de abril de 2008

Avaliação Diagnóstica

Há poucos anos, nós docentes da disciplina de matemática reclamávamos que os alunos que recebemos no ensino médio não sabiam sequer multiplicar. Como era de se esperar, a situação se agravou um pouco mais: a dificuldade agora também está em somar e subtrair. Na avaliação diagnóstica, além de encontrar várias bolinhas ou tracinhos para auxiliar nas multiplicações, deparei-me com resultados como os seguintes:

Perceba a dificuldade do aluno em raciocinar uma lógica simples do dia-a-dia (algo como "tenho vinte reais e devo pagar uma dívida de 18, logo fico com dois reais sobrando"). Na falta dela, o método foi impreciso, demonstrando que seu objetivo e sua justificativa não foram bem compreendidos. Devo frisar, antes de tudo, que não culpo (inteiramente) o aluno que erra dessa forma. Sempre os questiono sobre seu ritmo e horários de estudo em casa e, como a esmagadora maioria confessa esforçar-se pouco no estudo fora da escola, aponto-lhes o problema que criam com isso e a solução.

A ponderação que quero levantar está focada no professor, na equipe pedagógica e no sistema de ensino, tríade que, penso eu, permite que o discente atravesse todo o ensino fundamental atropelando essas deficiências.
  • O professor tem a responsabilidade de recuperar o aluno que está com dificuldades de aprendizagem, certo? O que noto, porém, é o quase que total fracasso da atividade de muitos colegas, que aprovam sem qualidade (como se estatísticas de aprovação tivessem algum significado para a vida do aluno pós-ensino médio). Não escondo de meus alunos que na matemática, para fixar os conceitos, requer-se muita repetição, e com esta elevado esforço. Se o professor não consegue trazer a tona essa dedicação do aluno, que divida essa tarefa com a família, que passou a olhar a escola como creche. O fato é que algo deve ser feito, providências devem ser tomadas para que o egresso do ensino médio tenha chances reais de competir nos processos seletivos;
  • Se o trabalho do professor vai mal, padece sem acompanhamento. Por que, se cada escola tem sua equipe pedagógica, cuja função é dar suporte à prática docente? Como já citei em uma postagem anterior, é preciso deixar um pouco de lado os recortes, as ornamentações e decorações (costume esse que estigmatiza mal os cursos de pedagogia), e partir para a criação de estratégias que auxiliem o professor, que munido do domínio de conteúdo obtido pela sua formação contará também com o apoio didático fundamental para que seu aluno saia beneficiado com uma educação de qualidade;
  • Quando se cria programas supletivos nos ensinos fundamental e médio, melhor seria se estivessem ligados, um dando seqüência ao outro. Sugiro isso, pois os dois atuais (PORONGA e PEEM), em suas justificativas, relatam ter métodos próprios de ensino-aprendizagem diferenciados dos procedimentos do ensino regular. Logo, um aluno egresso do PORONGA (ensino fundamental) deveria ingressar no PEEM (ensino médio) para manter o ritmo e não haver choques de aprendizagem. As respostas da operação de subtração citada acima são de alunos do 1º ano do ensino médio oriundos do PORONGA. Não critico o programa, pois não conheço totalmente seus fundamentos (apenas o de concluir o ensino fundamental em tempo reduzido), apenas observo seus frutos. Se os responsáveis por nosso sistema de ensino enxergam sucesso nisso, amém, fazer o quê? Poderiam, contudo, respeitar o ritmo de aprendizagem desses alunos e fazer com que sua matrícula no ensino médio esteja vinculada exclusivamente ao PEEM. Ficaria inclusive mais óbvio o sucesso dos programas de aceleração e do ensino regular.


Enquanto docentes de matemática para o ensino médio, meus colegas e eu atendemos nossos alunos com dificuldades em conteúdos básicos em uma aula de reforço semanal, para prepará-los para os conteúdos que virão. Para mensurar os resultados dessa iniciativa, temos uma ficha individual para acompanhar os avanços de cada aluno, ao longo do semestre. Adaptamos o plano de curso para trabalhar os conteúdos de acordo com o ritmo observado na avaliação diagnóstica. Faremos o atendimento (aulas para alunos interessados) para a 4ª Olimpíada de Matemática nas Escolas Públicas. Tudo isso para tentar dar ao discente o mínimo de maturidade cognitiva que deveria ter a essa altura, se tivesse sido cobrado mais no decorrer de sua vida estudantil.


sexta-feira, 7 de março de 2008

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

FÉRIAS

Férias!!!!

Quando se trabalhou arduamente, nada como as...

Férias!!!!

Quando se deixa alguém competente em seu lugar, para continuar seu trabalho, tudo bem tirar...

Férias!!!!

Ahhhhhhhhhhhhhhh, as...

Férias!!!!
Férias!!!!
Férias!!!!
Férias!!!!
Férias!!!!
Férias!!!!
Férias!!!!
Férias!!!!
Férias!!!!
Férias!!!!
Férias!!!!
Férias!!!!
Férias!!!!
Férias!!!!
Férias!!!!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O Acre no ENEM

Segundo notícia publicada no portal G1, aumentou a diferença entre as médias no ENEM de alunos de escolas particulares e públicas:

"Este ano, alunos da rede particular do país atingiram a nota de 68,04 nas questões objetivas, ao passo que a rede pública teve média de 49,20, levando a uma diferença de 18,84 pontos. Em 2006, essa diferença foi de 15,63 pontos (em cem)."

Na escola particular, se o docente não consegue cumprir plenamente com sua missão, recebe apoio direcionado ao melhoramento de sua prática, através de profissionais especializados. Se a situação persistir, pode até mesmo ser substituído.

Os profissionais incumbidos de dar suporte ao professor focam esforços na necessidade do aluno para o final da cada ciclo de ensino; no caso do Médio (antigo 2º grau), devem estar preparados para o vestibular. São filhos da classe dominante, portanto devem manter seu posto.

Na escola pública os equivalentes a esses profissionais não foram preparados para tal incumbência: Seu trabalho em uma escola de Ensino Infantil, na maioria dos casos, não difere muito do que faria em uma de Ensino Médio. Em 8 anos de trabalho docente, encontrei muitos(as) coordenadores(as) pedagógicos(as) que dariam excelentes decoradores(as) (fazem ótimos cartazes de comunicados, repletos de mensagens para reflexão e florzitas), mas que não enxergam um palmo à frente do nariz quando se trata de criar estratégias para focar o ensino das classes menos favorecidas para as necessidades reais, que lhe darão oporuinidade de mudar o curso de suas vidas.

Não culpo inteiramente esses profissionais. Cito dois pontos que poderiam ser melhorados para uma formação correta destes:

  • Durante minha licenciatura, observava os futuros profissionais da área de pedagogia utilizando boa parte de seu tempo em sala recortando revistas, fixando cartazes, preparando confraternizações, entre outras atividades prazerosas. Ponderava: deve haver algum momento em que realmente estudem, mas esse tempo ocioso não poderia ser utilizado para mais estudo? E mais: será que o tempo útil estaria sendo gasto para prepará-los como criadores e executores de táticas de combate as mazelas de cada ciclo de ensino?
  • As Secretarias de Educação deveriam preparar cursos que dariam a esses especialistas a noção correta de sua real função: preparar o aluno de cada estágio de ensino para o posterior (o Ensino Fundamental deve servir de base para o Médio, este para o vestibular).
Na escola particular existe o consenso de que se não houver qualidade, o pai do aluno o levará para outra, reduzindo assim o lucro da instituição e até fazendo cabeças rolarem. Na pública, o sentimento deveria ser o mesmo, em respeito aos impostos pagos pelo contribuinte que matricula sua prole.

Ponderem, alunos e professores: o Acre foi um dos cinco estados com pior colocação na prova objetiva do ENEM 2007.

Os piores estados
Prova objetiva Redação
Tocantins 42,77 Tocantins 50,70
Amazonas 42,87 Roraima 52,12
Acre 43,60 Rondônia 52,45
Roraima 43,82 Mato grosso 52,55
Alagoas 44,12 Alagoas 52,77

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Bullying Escolar

Ao adentrar hoje a sala da 3ª série "B" de ensino médio, turno vespertino, vi algo digno de nota: alunos dessa turma se solidarizavam com outra da mesma série, porém do turno matutino, escrevendo cartazes em seu apoio. Esta aluna teve seu nome escrito em todas as carteiras da sala, além das paredes, e palavras impróprias foram utilizadas para ofendê-la.

Devemos lembrar que essa prática, o bullying escolar, rendeu até óbitos em escolas pelo Brasil e pelo mundo, já que vítimas não contiveram seu já abalado emocional. O portal de notícias G1 publicou uma matéria sobre medida adotada em São Paulo:

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Assembléia de SP aprova lei de combate ao bullying escolar

Para entrar em vigor, lei depende de sanção do governador José Serra (PSDB).
Projeto prevê encaminhamento vítimas e agressores aos serviços médico e psicológico.
Fernanda Bassette Do G1, em São Paulo

A Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou, há um mês, um projeto de lei que obriga as escolas públicas e privadas do estado a adotarem medidas preventivas contra o bullying escolar - formas de intimidação, agressão e pressão psicológica repetitiva, sem motivação evidente. Para entrar em vigor, o projeto depende da sanção do governador José Serra (PSDB). A expectativa é que o projeto seja aprovado na próxima semana.


Entenda o bullying escolar

Se sancionada pelo governador, a lei também contemplará os professores, que são vítimas desse tipo de violência na escola. Pelo projeto, cada escola terá autonomia para aprovar um plano de ações para a implantação das medidas previstas no programa, entre elas capacitar os docentes e profissionais da escola; criar regras no regimento escolar contra o bullying; observar e identificar quem são os praticantes e quem são as vítimas do bullying e auxiliar as vítimas e agressores.

O projeto também prevê a realização de convênios e parcerias, além do encaminhamento vítimas e agressores aos serviços de assistência médica, social, psicológica e jurídica.

Segundo o deputado Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), autor do projeto de lei, no Brasil não há números recentes sobre o assunto. No entanto, ele aponta que uma pesquisa feita em Portugal, com sete mil alunos, constatou que um em cada cinco estudantes já foi vítima desse tipo de agressão. O estudo mostrou que os locais mais comuns de violência são os pátios de recreio, em 78% dos casos, seguidos dos corredores (31,5%).

Outros casos

O deputado lembrou que em 2004, um aluno de 18 anos de uma escola de Taiúva, no interior de São Paulo, feriu oito pessoas com disparos de um revólver calibre 38, suicidando-se em seguida. O jovem era obeso e, por isso, era uma vítima constante de apelidos humilhantes.

Na Paraíba, um aluno menor de idade, criou um perfil no Orkut onde aparecia numa foto armado e afirmava ser vítima de bullying e ameaçava a escola. Diante da situação, a escola instalou detectores de metal e pediu ajuda à polícia. O jovem se entregou e afirmou estar arrependido.

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Na sexta-feira da semana passada, os alunos já comentavam entre si os efeitos que isso estaria causando sobre a aluna, e o que os agressores ganhavam com isso. Hoje, decidiram ir à luta, fixando cartazes na parede em apoio à colega.
Sua intenção não é afrontar aquele(s) que, sem motivo aparente, resolveram agredir psicologicamente sua colega. O objetivo é conscientizar. Conscientizar que, caso sejam colegas de turma, alunos de um 3º ano deveriam estar preocupados com seu futuro escolar (faculdade) e profissional; mesmo se forem de séries anteriores, a atitude não se justifica.
Para a aluna, desejo força e coragem. Já chegou até o terceiro ano, pelo que pude saber com louvor, e a melhor maneira de mostrar seu valor é tendo sucesso em um vestibular, por exemplo, enquanto que aquele(s) que perderam tempo lhe vilipendiando estão com a nuvem negra da ignorância sobre suas cabeças.
Aos alunos da tarde, parabéns pela compaixão, e que as pertubações da vida adulta não façam com que percam essa qualidade, que torna o ser humano ímpar.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

VOLTEI !!!!!

Para recolher os corpos do front após refurgiar-me ao longe...

Escolas abandonadas rendem pouco. Não abandonadas, mas sem iniciativas, também. Não abandonadas, com iniciativas, mas sem ação, idem.
Ao menos, boas notícias: em uma reunião sobre o Saeb, o atual gerente de Ensino Médio, Josenir Calixto, expôs sua visão sobre como deveria funcionar a última etapa do ensino básico: suprir as necessidades do aluno para, principalmente, os vestibulares e os concursos públicos. Enfim um oásis. Mas isso deve ser cobrado dos próximos gestores. Os índices de aprovações de alunos egressos de escolas públicas nesses processos seletivos devem ser acompanhados, e a escola de onde saiu o aluno, corrigida se necessário.
Mostrei a um grupo de ex-alunos a prova aplicada no último concurso para provimento de vagas no Sebrae-AC, aplicada no último dia sete. Pedi que analisassem uma questão, e não tardou a resposta. Ocorre que essa questão, assim como outras, estava nos moldes das que lhes ensinei. Sem matemática estática, mas contextualizada. Sem meros "calcule" e "resolva", mas interpretações profundas (estudadas exaustivamente). Um deles comentou: "Ao menos um professor que ensinou o que a gente precisa".
Isso mostra que os discentes sabem que, em grande parte, estão sendo ensinados sem objetividade, para um conto de fadas mal elaborado e sem final feliz. Querem participar, com chances, nos processos seletivos para empregos, mas sabem o quão minguada é sua bagagem cognitiva.
Nesse contexto, creio que a idéia do gerente supracitado deve ser tomada a peito pelos gerentes das etapas anteriores dos ensinos: O infantil deve preparar o aluno para o fundamental, e este para o ensino médio. É óbvio? Sim, mas não ocorre na prática.
Mais do que isso, gestores devem ser fiscalizados no referente à aplicação de medidas para que o ensino de sua escola prepare seus egressos para o estágio posterior. Infelizmente, por falta de acompanhamento, esse cargo fundamental para a instituição é encarado como mera saída de sala de aula para um mar de tranquilidades, onde não se deve repor nem ser descontadas suas ausências, não explicar-se sobre decisões; enfim um exercício de supremacia, em total desrespeito com a comunidade escolar. A gestão democrática morre no pleito.
O material de estudo para o Curso de Gestores traz experiências cabíveis e aplicáveis, mas vez ou outra encontrei algum candidato com o já surrado discurso " ...é, no papel é lindo, mas na prática...". Este, assim como o "nós erramos sim, mas aos poucos vamos endireitando as coisas" e o "nós erramos, mas você também não é perfeito" só disfarçam incompetência ou falta de disposição. Quem compartilha dessas idéias começou mal.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Abandono intelectual

Reportagem do portal de notícias G1

Mães vão prestar serviço comunitário por deixarem filhos sem estudo

Os casos acontecem na cidade de Sapé, na Paraíba.
Responsáveis fizeram acordo com Promotoria e Juizado.
Duas mães de Sapé, um município localizado a 50 km de João Pessoa, na Paraíba, vão ter de prestar serviços comunitários por não terem fiscalizado a freqüência dos filhos na escola. A decisão ocorreu na tarde desta quinta-feira (4), em um acordo entre as mães, a Promotoria da Infância e Juventude e o Juizado Especial Cível e Criminal.

O Ministério Público Estadual da Paraíba moveu ações contra os responsáveis por estudantes de 7 a 14 anos que estão matriculados na rede de ensino público de Sapé, mas abandonaram as aulas. De acordo com a promotora da Infância e Juventude da Comarca de Sapé, Fabiana Lobo, a medida tem o objetivo de combater a evasão escolar.


O juiz Gustavo Procópio Bandeira de Melo levou o juizado itinerante a uma escola da cidade em que se contabilizaram 13 casos de alunos com grande número de faltas. Do total, 11 pais conseguiram provar que seus filhos foram matriculados em outras escolas da região. Duas mães preferiram prestar o serviço comunitário e não levar o processo adiante.

“Uma delas disse que trabalhava em João Pessoa e que o filho ficava com a avó, que tinha dificuldades de acompanhar se a criança ia à escola. A mãe do outro garoto disse que o filho deixava de ir à escola para jogar videogame”, contou o juiz Bandeira de Melo. “A mãe desse garoto ainda se comprometeu a levar o filho à psicóloga do juizado, para verificar se ele tem dificuldades de aprendizado.”

As duas mães prestarão serviços ao Hospital Estadual Sá de Andrade em dois finais de semana. “O que tentamos é a conscientização das pessoas. A idéia não é punir, o que se busca é restaurar o dano provocado. É melhor buscar a pacificação social do que punir por punir”, afirma Bandeira de Melo.

Crime de abandono intelectual

“É crime de abandono intelectual quando os pais deixam de prover a instrução para o filho”, afirmou a promotora Sandra Regina Paula Neto. “Fizemos uma campanha de conscientização, de cunho educativo”, diz.

Segundo a promotora, o Ministério Público tem registros de cerca de 200 crianças com número expressivo de faltas. E todos os responsáveis por esses alunos vão ser intimados. “Também queremos descobrir quais são as crianças que também não foram matriculadas na escola, e não só as que abandonaram os cursos.”

O Juizado Especial vai contar ainda com o auxílio dos agentes comunitários de saúde para identificar as crianças que estão fora das salas de aula e conscientizar os pais.

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Seria excelente se essa medida fosse implantada em nossa região. Antes, porém, uma campanha de conscientização, explicando a pais e responsáveis o que é abandono intelectual e o que ele implica no futuro de seus filhos. Medidas punitivas serão necessárias em alguns casos. Vários não entendem que, se geraram uma criança, têm responsabilidades para com ela até o fim da adolescência, e estas incluem ensinar a importância do aprendizado e manter seu filho estudando, na escola e principalmente em casa.

Infelizmente, vale o ditado: Se não for pelo amor, será pela dor.

Nocividade da omissão

Vez por outra, funcionários são pressionados a deixar de lado as más ações daqueles que os chefiam. Essa pressão pode vir em forma de uma exacerbação dos erros dos funcionários. QUANDO TAIS NÃO EXISTEM, PODEM SER FORJADOS. E mesmo que testemunhas digam o contrário, não são ouvidas.
No caso de uma escola, perdem os alunos, pois todo esse esforço poderia ser direcionado a mehorar a qualidade do ensino, qualificando-os melhor para vestibulares e concursos públicos. Mas, quanta ingenuidade a minha: estamos falando do âmbito público, não do privado. Nesse caso, como é escasso o interesse em saber se a quantidade de alunos aprovados em processos seletivos aumenta ou diminui, os que gerem escolas gozam seus rendimentos sem muita preocupação. Esta só ocorre por boa vontade.
O conceito de democracia, onde todo o poder emana do povo e por ele é exercido, poderia ser levado um pouco mais a sério. A gestão democrática na escola implica total participação de todos os segmentos (alunos, professores, funcionários) no dia-a-dia escolar, inclusive cobrando ações siginificativas e prestações de contas daquele(a) que foi eleito(a) para gerir. A não cobrança pode implicar relaxamento e, em vários casos, omissão DECLARADA (como achar que professores não devem ser consultados sobre mudanças no calendário escolar ou serem avisados de reuniões com os pais).
Irresponsabilidades existem, e devem ser combatidas. De que forma? Informando-se e cobrando.

A tempo: Escrever no blog o que muitos professores, alunos e funcionários pensam dá resultado. Porém, o boca-a-boca tem sido mais eficaz.

Ps: Leigos (leia-se "pessoas que entendem o que querem entender"), que tal treinarmos a interpretação de texto? Comecemos de baixo: Vão até a banca mais próxima e comprem um exemplar da Turma da Mônica. Leiam com atenção e usem o link "comentários" abaixo para explicar o que entenderam. Até a próxima atividade!!!

Aos que não entendem muito bem a internet, comecem pesquisando a diferença entre blog e link. Sucesso!

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Prepare-se antes de abrir a boca

Hoje, professores do turno da tarde na escola em que trabalho brincavam chamando-se por nomes como "passatempo", "negresco", "biscoito miragina", entre outros. Achei engraçado e perguntei o porquê: lembraram-me da reunião de anteontem, 27/08, em que a coordenadora de ensino valeu-se do jargão (adaptado, considere o contexto): "Professor é que nem biscoito: sai um, tem mais dezoito".
Sua intenção era atingir professores que, por algum motivo, são relapsos. Boa intenção, já que não somos insubstituíveis, e devemos ser trocados por outros mais competentes se não cumprimos a contento nossas funções. Mas a colocação atingiu a todos.
Atingiu porque todos somos professores; incluindo coordenadores(as) administrativos, de ensino e pedagógicos, além de gestores(as); e nem todos somos descompromissados, passíveis de advertências e/ou devoluções. Um pouco de bom senso ajudaria a escolher termos encorajadores.
Percebam que ou é a frigideira ou o fogo: se foi uma frase dita no momento, revela falta de planejamento para uma reunião com todos os docentes do turno em questão. Se foi planejada, premeditar o uso de depreciação revela a autoridade subindo às narinas, transformando-se em autoritarismo. Espero estar errado quanto a este último. O tempo dirá.

Lições:
  • No trato com pessoas, escolha com cuidado termos e frases; ainda mais no risco de ofender a si próprio;
  • Em cargos eletivos ou de confiança, não esqueça de que não é, apenas está.
PS: Valmir, saudações!!

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

É mole?


É ponto pacífico que professor que não cumpre, ou cumpre mal, suas funções deve ser notificado de alguma providência, certo? Mas e quando não existem erros da parte do docente e a perda de um privilégio (aulas complementares) não é notificada, de forma verbal ou escrita?

É, no mínimo, estranho. Vamos aos fatos: Na primeira quinzena de junho, certo professor procurou-me dizendo que assumiria duas turmas à tarde na escola em que trabalho. Pesquisei e descobri que seriam as minhas. Até aí, tudo bem. Pensei que seria notificado, visto que o combinado com a direção da escola seria que, até o final de 2007, eu ficasse lecionando para essas turmas. Mas não fui. O tempo passou, e nada. Apenas corriam boatos, mas nada de confirmarem a mim, para que me preparasse na redução do salário no meio do ano.

Percebi uma rasteira. Mas antes da queda, busquei meus direitos. Quero frisar o seguinte: NÃO ME OPUS A PERMANÊNCIA DO OUTRO DOCENTE, ASSUMINDO TURMAS EM MEU LUGAR. Ele é extremamente compromissado, dedicado e competente, e realizou a contento uma gincana em nossa escola. O problema é que mamãe não me educou para ser cachorro de rua, que leva patada sem saber o porquê.

Não tendo sido consultado, não consultei: Fui direto à Secretaria de Educação, me informar de meus direitos. No setor jurídico fui informado até mesmo de um artigo de Lei Complementar Estadual que poderia invocar em causa própria. Antes, fui à Gerência de lotação e à Gestão. Mas tudo se resolveu conversando com o professor que me substituiria, aliás, grande colega na graduação. Ele me confessou que não sabia que eu não havia sido notificado, pensava inclusive que havia concordado. Diante disso, não viu problemas em que eu continuasse na regência das turmas, visto que ele já tinha recebido propostas de outras escolas.

A diretora foi chamada à Gestão, na secretaria de Educação, e em seu lugar foi a coordenadora de ensino. Não soube o teor da conversa. Após isso, perguntei a ela se havia causado algum problema para a escola para receber tal tratamento, e se tinha objeções em que continuasse a dar aulas para essa turma. Disse-me que não, e que eu continuaria. Mais: que a gestora conversaria comigo ainda naquela semana. Era 15/08/2007.

E o tempo passou.

Hoje, 27/08/2007, diante de nenhuma resposta, tomei a iniciativa e conversei com a gestora. Pasmem:

  • Sua única intenção era trazer mais um profissional competente para a escola;
  • Disse que nunca teve a intenção de me prejudicar; se quisesse, realmente tiraria as aulas complementares, visto que tem poder para isso;
  • Em sua visão, EU é que errara por não procurá-la, e sim ter ido à Secretaria de Educação e feito, em suas palavras, "um carnaval".

O que acho? Bem...

  • Realmente, o docente em questão é digno de ser disputado a tapas por qualquer gestão de escola; mas
  • NÃO ME NOTIFICAR QUE FICARIA SEM R$ 752,00 NO MEIO DO ANO, QUANDO ACHAVA QUE SERIA ATÉ O FINAL, FOI SEM INTENÇÃO DE PREJUDICAR? (IMAGINEM SE EU SOUBESSE APENAS DO DIA DE RETORNO ÀS AULAS, 14/08/2007, QUE NÃO PODERIA ENTRAR NAQUELAS TURMAS PARA DAR AULA);
  • SE NÃO FUI PROCURADO, É CLARO QUE NÃO QUERIA ME INFORMAR; NÃO QUERENDO ME INFORMAR, NÃO A PROCUREI. MUITO JUSTO. DETALHE: SE TODA PESSOA QUE SE INFORMAR E, SE FOR O CASO, BRIGAR POR SEUS DIREITOS, ESTIVER FAZENDO "UM CARNAVAL", FEVEREIRO TEM A SEMANA MAIS DEMOCRÁTICA DO ANO.


Conclusões

Para mim, o salário que um professor no Acre recebe está ótimo, principalmente se comparado a outros estados; fazendo jus a ele, cumpro meus horários, educo meus alunos visando concursos e vestibulares e, aos sábados, leciono junto com meus colegas professores de matemática para alunos que se interessam em aprender mais do que viram ou vêem em sala de aula. Continuarei fazendo tudo isso, até mais: tenho maquinado cá outros projetos em parceria com professores de outras áreas. O problema é que, se quem administra uma escola tem pouca ou nenhuma visão administrativa, INCLUSIVE NO TOCANTE A NÃO DIVULGAR PARA AS PARTES INTERESSADAS SUAS DECISÕES, o trabalho dos demais segmentos fica comprometido. Principalmente em relação ao bom exemplo.

O outro professor está muito bem, obrigado. Lecionando em duas escolas. Continuamos amigos.

Temos vários profissionais dedicados na escola, e suas cabeças fervilham de idéias que poderiam ser aproveitadas para aumentar a qualidade de ensino. Sugeri algumas, inclusive. Mas parei. É preciso ter uma mente aberta e disposta a experimentar escutando do outro lado.


Lições

  • Os mais professores mais antigos na escola dizem que, em comparação a outras administrações, a atual está mostrando mais resultados. Creio que apenas no sentido financeiro, organizando a prestação de contas para que a escola volte a receber verbas, mas no âmbito organizacional deixa a desejar: alguns professores teimam em chegar tarde e sair cedo, além de alguns funcionários, tirando o direito de cobrarmos de nossos alunos; além do que ainda estamos sem o regimento escolar. Penso que não devemos comparar com o passado, mas sim traçar metas para a escola que queremos, e aí sim definir qual a melhor escolha para a gestão;


  • Realmente, a distribuição de aulas complementares é tarefa da gestão; mas se essa pensa baseada na lógica "eu dou, eu posso tirar", está beirando o autoritarismo; sem avisar, então, piora.


PS: Lembra o corno, sempre o último a saber? Senti-me assim quando, em junho e julho, dois professores que ouviram os boatos vieram a mim para conversar sobre a causa de estar perdendo as aulas complementares, INCLUSIVE EXPRESSANDO TOTAL DESAPROVAÇÃO PELA DECISÃO; não fui informado, e dois docentes já sabiam em pormenores. É mole?