Posso não concordar com nenhuma das tuas palavras, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-las. (Voltaire)

Isn't personal. Just Business.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

É mole?


É ponto pacífico que professor que não cumpre, ou cumpre mal, suas funções deve ser notificado de alguma providência, certo? Mas e quando não existem erros da parte do docente e a perda de um privilégio (aulas complementares) não é notificada, de forma verbal ou escrita?

É, no mínimo, estranho. Vamos aos fatos: Na primeira quinzena de junho, certo professor procurou-me dizendo que assumiria duas turmas à tarde na escola em que trabalho. Pesquisei e descobri que seriam as minhas. Até aí, tudo bem. Pensei que seria notificado, visto que o combinado com a direção da escola seria que, até o final de 2007, eu ficasse lecionando para essas turmas. Mas não fui. O tempo passou, e nada. Apenas corriam boatos, mas nada de confirmarem a mim, para que me preparasse na redução do salário no meio do ano.

Percebi uma rasteira. Mas antes da queda, busquei meus direitos. Quero frisar o seguinte: NÃO ME OPUS A PERMANÊNCIA DO OUTRO DOCENTE, ASSUMINDO TURMAS EM MEU LUGAR. Ele é extremamente compromissado, dedicado e competente, e realizou a contento uma gincana em nossa escola. O problema é que mamãe não me educou para ser cachorro de rua, que leva patada sem saber o porquê.

Não tendo sido consultado, não consultei: Fui direto à Secretaria de Educação, me informar de meus direitos. No setor jurídico fui informado até mesmo de um artigo de Lei Complementar Estadual que poderia invocar em causa própria. Antes, fui à Gerência de lotação e à Gestão. Mas tudo se resolveu conversando com o professor que me substituiria, aliás, grande colega na graduação. Ele me confessou que não sabia que eu não havia sido notificado, pensava inclusive que havia concordado. Diante disso, não viu problemas em que eu continuasse na regência das turmas, visto que ele já tinha recebido propostas de outras escolas.

A diretora foi chamada à Gestão, na secretaria de Educação, e em seu lugar foi a coordenadora de ensino. Não soube o teor da conversa. Após isso, perguntei a ela se havia causado algum problema para a escola para receber tal tratamento, e se tinha objeções em que continuasse a dar aulas para essa turma. Disse-me que não, e que eu continuaria. Mais: que a gestora conversaria comigo ainda naquela semana. Era 15/08/2007.

E o tempo passou.

Hoje, 27/08/2007, diante de nenhuma resposta, tomei a iniciativa e conversei com a gestora. Pasmem:

  • Sua única intenção era trazer mais um profissional competente para a escola;
  • Disse que nunca teve a intenção de me prejudicar; se quisesse, realmente tiraria as aulas complementares, visto que tem poder para isso;
  • Em sua visão, EU é que errara por não procurá-la, e sim ter ido à Secretaria de Educação e feito, em suas palavras, "um carnaval".

O que acho? Bem...

  • Realmente, o docente em questão é digno de ser disputado a tapas por qualquer gestão de escola; mas
  • NÃO ME NOTIFICAR QUE FICARIA SEM R$ 752,00 NO MEIO DO ANO, QUANDO ACHAVA QUE SERIA ATÉ O FINAL, FOI SEM INTENÇÃO DE PREJUDICAR? (IMAGINEM SE EU SOUBESSE APENAS DO DIA DE RETORNO ÀS AULAS, 14/08/2007, QUE NÃO PODERIA ENTRAR NAQUELAS TURMAS PARA DAR AULA);
  • SE NÃO FUI PROCURADO, É CLARO QUE NÃO QUERIA ME INFORMAR; NÃO QUERENDO ME INFORMAR, NÃO A PROCUREI. MUITO JUSTO. DETALHE: SE TODA PESSOA QUE SE INFORMAR E, SE FOR O CASO, BRIGAR POR SEUS DIREITOS, ESTIVER FAZENDO "UM CARNAVAL", FEVEREIRO TEM A SEMANA MAIS DEMOCRÁTICA DO ANO.


Conclusões

Para mim, o salário que um professor no Acre recebe está ótimo, principalmente se comparado a outros estados; fazendo jus a ele, cumpro meus horários, educo meus alunos visando concursos e vestibulares e, aos sábados, leciono junto com meus colegas professores de matemática para alunos que se interessam em aprender mais do que viram ou vêem em sala de aula. Continuarei fazendo tudo isso, até mais: tenho maquinado cá outros projetos em parceria com professores de outras áreas. O problema é que, se quem administra uma escola tem pouca ou nenhuma visão administrativa, INCLUSIVE NO TOCANTE A NÃO DIVULGAR PARA AS PARTES INTERESSADAS SUAS DECISÕES, o trabalho dos demais segmentos fica comprometido. Principalmente em relação ao bom exemplo.

O outro professor está muito bem, obrigado. Lecionando em duas escolas. Continuamos amigos.

Temos vários profissionais dedicados na escola, e suas cabeças fervilham de idéias que poderiam ser aproveitadas para aumentar a qualidade de ensino. Sugeri algumas, inclusive. Mas parei. É preciso ter uma mente aberta e disposta a experimentar escutando do outro lado.


Lições

  • Os mais professores mais antigos na escola dizem que, em comparação a outras administrações, a atual está mostrando mais resultados. Creio que apenas no sentido financeiro, organizando a prestação de contas para que a escola volte a receber verbas, mas no âmbito organizacional deixa a desejar: alguns professores teimam em chegar tarde e sair cedo, além de alguns funcionários, tirando o direito de cobrarmos de nossos alunos; além do que ainda estamos sem o regimento escolar. Penso que não devemos comparar com o passado, mas sim traçar metas para a escola que queremos, e aí sim definir qual a melhor escolha para a gestão;


  • Realmente, a distribuição de aulas complementares é tarefa da gestão; mas se essa pensa baseada na lógica "eu dou, eu posso tirar", está beirando o autoritarismo; sem avisar, então, piora.


PS: Lembra o corno, sempre o último a saber? Senti-me assim quando, em junho e julho, dois professores que ouviram os boatos vieram a mim para conversar sobre a causa de estar perdendo as aulas complementares, INCLUSIVE EXPRESSANDO TOTAL DESAPROVAÇÃO PELA DECISÃO; não fui informado, e dois docentes já sabiam em pormenores. É mole?


Um comentário:

Anônimo disse...

Olá José, após ler seu comentário percebi que a gestão desta escola usa muito bem o AUTORITARISMO, um modo muito ruim e desqualificado de uma pessoa em posição de liderança exercer a autoridade, atribuindo-se o título de dono da verdade. A pessoa que manda deve saber usar sua autoridade e ser capaz de praticar atitudes éticas. Sua forma de agir foi totalmente coerente e aceitável, pois a gestão usou de forma indevida seu poder e a mesma deverá entender o que é autoridade e como deve ser usada.